Tendo actualmente como principais referências os trabalhos de Beck, Lazarus e Ellis, a Teoria Cognitivo-Comportamental (TCC) conquistou um lugar de destaque no panorama teórico-prático da psicologia. Em Portugal já domina grande parte das instituições públicas de saúde e arrisca-se a ser a forma de abordagem predominante dos psicólogos e psiquiatras portugueses.
O meu conhecimento da TCC é maior na teoria beckiana do que em todas as outras, pelo que me limitarei a falar sobre esta, que aparenta ser a mais consensual mesmo entre os teóricos cognitivos.
É sabido que Aaron T. Beck era psicanalista antes de considerar que a psicanálise carecia de instrumentos práticos e terapêuticos (nomeadamente no campo da depressão) suficientemente eficazes para dar resposta ao sofrimento do doente. Descontente, desenvolveu então a sua teoria que dá conta de um constructo teórico de explicação da doença depressiva bem como de uma base terapêutica (entretanto porfiada pela sua filha Judith S. Beck) a seguir. Esse constructo assenta em alguns princípios comuns a todas as teorias cognitivas e enquadra-se no âmbito epistemológico cognitivo de base, contudo reportando-se de forma específica à descrição da psicoetiologia depressiva. E a sua ideia primordial é simples: a depressão é uma distorção do pensamento, um processamento de informação com erros cognitivos que provêm de estruturas de pensamento mais ou menos nucleares desadaptadas. E é, a meu ver, precisamente nesta ideia fundamental que reside o erro comum a todas as TCC.
A pedra angular do corpus teórico cognitivo reside na assunção de que é na distorção do pensamento que se dá a distorção do afecto. É nos erros cognitivos que deve ser procurada e onde deve ser eliminada a depressão. Para a TCC, o pensamento precede o afecto na medida em que são os erros do pensamento que originam um afecto indesejado.
Ora, muito antes de pensar e sequer raciocinar o ser humano sente. Os primeiros anos de vida são fundamentalmente experiências de sensações, de diferenciação somatopsíquica, que depois evoluirá para a construção de esquemas cognitivos. Cronologicamente, é o afecto que precede o pensamento, e não o contrário. A neurobiologia prova-nos a hierarquização das funções mentais, desde as profundezas do sistema límbico e diencefálico até à superfície neocortical; a lei de Haeckel deixa-nos sonhar que talvez a diferenciação progressiva do sistema nervoso num pequeno feto desde a sua concepção seja a repetição do que aconteceu em mais de 4 milhões de anos de evolução...
Em suma, inclino-me para aceitar que o sentimento é em todos os níveis anterior ao pensamento. Aliás, constitui a base para o desenvolvimento desse pensamento como os alicerces sustêm um edifício. A hipótese de Damásio, por exemplo, dos marcadores somáticos parece-me ter por base precisamente estas noções.
O meu conhecimento da TCC é maior na teoria beckiana do que em todas as outras, pelo que me limitarei a falar sobre esta, que aparenta ser a mais consensual mesmo entre os teóricos cognitivos.
É sabido que Aaron T. Beck era psicanalista antes de considerar que a psicanálise carecia de instrumentos práticos e terapêuticos (nomeadamente no campo da depressão) suficientemente eficazes para dar resposta ao sofrimento do doente. Descontente, desenvolveu então a sua teoria que dá conta de um constructo teórico de explicação da doença depressiva bem como de uma base terapêutica (entretanto porfiada pela sua filha Judith S. Beck) a seguir. Esse constructo assenta em alguns princípios comuns a todas as teorias cognitivas e enquadra-se no âmbito epistemológico cognitivo de base, contudo reportando-se de forma específica à descrição da psicoetiologia depressiva. E a sua ideia primordial é simples: a depressão é uma distorção do pensamento, um processamento de informação com erros cognitivos que provêm de estruturas de pensamento mais ou menos nucleares desadaptadas. E é, a meu ver, precisamente nesta ideia fundamental que reside o erro comum a todas as TCC.
A pedra angular do corpus teórico cognitivo reside na assunção de que é na distorção do pensamento que se dá a distorção do afecto. É nos erros cognitivos que deve ser procurada e onde deve ser eliminada a depressão. Para a TCC, o pensamento precede o afecto na medida em que são os erros do pensamento que originam um afecto indesejado.
Ora, muito antes de pensar e sequer raciocinar o ser humano sente. Os primeiros anos de vida são fundamentalmente experiências de sensações, de diferenciação somatopsíquica, que depois evoluirá para a construção de esquemas cognitivos. Cronologicamente, é o afecto que precede o pensamento, e não o contrário. A neurobiologia prova-nos a hierarquização das funções mentais, desde as profundezas do sistema límbico e diencefálico até à superfície neocortical; a lei de Haeckel deixa-nos sonhar que talvez a diferenciação progressiva do sistema nervoso num pequeno feto desde a sua concepção seja a repetição do que aconteceu em mais de 4 milhões de anos de evolução...
Em suma, inclino-me para aceitar que o sentimento é em todos os níveis anterior ao pensamento. Aliás, constitui a base para o desenvolvimento desse pensamento como os alicerces sustêm um edifício. A hipótese de Damásio, por exemplo, dos marcadores somáticos parece-me ter por base precisamente estas noções.